quarta-feira, 12 de junho de 2019

Parte 2

Quando eu tinha 7 anos, minha mãe morreu!
Foi uma grande batalha contra o câncer, mas mesmo assim, meu cunhado, marido da minha irmã mais velha, disse que eu é que tinha matado minha mãe.
Não vou discutir a ignorância das pessoas.
Por mais que eu pense, não consigo imaginar de onde ele tirou essa ideia...
Por ser tão criança, pouco me recordo da minha mãe.
Lembro-me que era bem mimada, pois era a "RASPA DO TACHO".
Minhas irmãs são pelo menos, 11 anos mais velhas.

Coube-me um quarto grande!
Minha cama era turca.
O chão era forrado com um tapete felpudo, colorido.
Uma noite, de muito calor, acordei, e vi aos pés da minha cama, uma entidade!
Era um menino negro" Tinha um chapéu vermelho pontudo.
Com um sorriso no rosto. Um largo sorriso, mas eu gritei o mais alto que pude!
_AAAAAAAAAAAAAAAhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!
Meus pais vieram correndo a ver o que aconteceu!Bati com a cabeça na cabeceira da cama, e não sei o que aconteceu...
Só sei que o sangue esguichava de um ferimento.Ao tentar me esconder do menino, eu puxei o lençol.
Portanto, enchi meu rosto de sangue!
Quando minha mãe viu, gritou:
Meu Jesus, Maria e José!!!
Meu pai, mais frio, perguntou-me:
_ O que aconteceu, minha filha?
Quando eu contei em pormenores o que tinha visto, ele falou:
_ Era o Saci Pererê, querida! Não tenhas medo! Provavelmente ele queria brincar contigo...
Nunca mais vi o "Menino", mas meus canais para "Ver", foram abertos!!!
Esse foi o primeiro Fantasma que eu vi!

Parte 1

Foi só uma ideia!!!
Os fantasmas dançam em meu cérebro, e não consigo tirá-los.
Alguns dias, consigo ver seus esqueletos dançando...
Em outros, vejo as pessoas que foram, neste mundo chamado "real".

Parei em frente a janela do meu quarto. E a saudade bateu forte!
Olhei para as janelas arredondadas. Enormes!!! Num quarto de 73 metros quadrados.
Pensei: "Para que esta casa enorme"? Para que tanto desperdício, para virar cinzas...
Meus olhos correram o quintal verdejante. Com vários caminhos floridos.
As lembranças foram sendo puxadas, como se tivessem um cordão de prata desenrolando.
Tudo tão nítido! Colorido!
E o filme foi passando em minha mente!
Nunca mais...
Nunca mais as borboletas azuis!
Nunca mais os Aracuãs (pássaros enormes e barulhentos).
E o Sangue de boi? Desapareceram por completo...
Nunca mais os vi. E eram tantos, e tão lindos! Eles queriam se esconder nas copas verdejantes, mas não conseguiam, pois eram como gotas de sangue cintilante!
Desapareceram também, as raposinhas, que eram caçadas exaustivamente pelos nativos.
Converso com o meu fantasma predileto! E começo a contar o que estou a sentir.
E Ele diz, que tudo passa. Que tudo é transferido para outra dimensão!
Sempre andei acompanhada por fantasmas.
E nessa casa, eles vagueiam.
Talvez seja porque quando compramos o terreno, tudo era muito selvagem, e algumas almas fizeram o seu ponto de encontro em meio as árvores.
Quando saí de São Paulo, Capital, para vir para a Bahia, disseram-me que era completamente louca!
Mas eu sempre quis viver nova vida. Quis ter um novo amor, que fosse mais sincero, mais sólido.
Ledo engano! Terapeuta que sou, enganei-me redondamente...
E foi na solidão à dois, que vi a minha vida desmoronar!

Quando eu era pequena minha mãe morreu